Ações da varejista estão valendo menos de R$ 1 após pedido de recuperação judicial

Investidores minoritários da Americanas estão acionando a Justiça criminal contra os acionistas majoritários, considerados os empresários mais ricos do país. A varejista pediu recuperação judicial depois de identificar um rombo de R$ 20 bilhões nas contas. Hoje, as ações da companhia estão valendo menos de R$ 1.

O gestor de negócios, Luiz Henrique Limonta, investiu R$ 200 mil em ações da Americanas e perdeu quase tudo. “É uma quebra de confiança muito grande no mercado. Não é só o meu capital que está ali, tem o capital de 160 mil acionistas”, diz.

O advogado Daniel Gerber defende pelo menos 20 acionistas minoritários da Americanas. Ele vai entrar nesta semana com ação criminal contra auditores, diretores e os principais acionistas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

“A recuperação judicial protege a pessoa jurídica, e é por isso que nós escolhemos o caminho do direito penal. As pessoas físicas respondem pelos atos praticados, tanto como suas próprias pessoas, e a pena de prisão existe pra isso, quanto em patrimônio”, diz o advogado.

Má-fé

O Instituto Brasileiro de Cidadania também entrou com processo contra a Americanas, acusa a empresa de má-fé e pede indenização por danos morais aos acionistas minoritários.

Os principais acionistas da empresa se manifestaram ontem, 11 dias após o rombo de R$ 20 bilhões ser revelado. Eles disseram que não tinham conhecimento das irregularidades e que a PWC, auditora das contas, também não identificou qualquer erro.

“Eu concordo que a PWC falhou, mas não falhou sozinha. Em hipótese alguma sócios majoritários com 30% do capital social, que até o ano passado coordenavam a empresa, que são experts em negociações desse tipo, principalmente em companhias abertas na bolsa, não sabiam de nada”, diz o advogado Daniel Gerber.

A PWC disse que não comenta casos de clientes.

Recuperar esse dinheiro tanto na esfera civil quanto na esfera criminal pode levar anos. Na recuperação judicial, a prioridade de pagamento é dos credores, que, no caso das Americanas, são bancos, principalmente. Só depois vêm os acionistas minoritários, ou seja, será preciso sangue frio e paciência.

O economista Fábio Astrauska explica que o prejuízo pode atingir até mesmo quem não investiu na empresa: “a Americanas tem lojas espalhadas pelo Brasil inteiro, a maior parte delas alugadas. esses alugueis de loja pertencem a fundos imobiliários. Uma das consequências da recuperação judicial é a Americanas fechar algumas lojas, então o aluguel vai diminuir, esses donos de fundo podem perder dinheiro”.

Publicado em SBT News (https://www.sbtnews.com.br/noticia/sbt-brasil/237215-acionistas-minoritarios-da-americanas-acionam-a-justica-contra-majoritarios)